quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

A TESE DO COELHO


Um dia lindo e ensolarado o coelho saiu de sua toca com o seu notebook e se pôs a  trabalhar, bem concentrado.

Pouco depois passou por ali a raposa, e viu aquele suculento coelhinho tão distraído,  que chegou a salivar.

A raposa, porém, ficou intrigada com a atividade do coelho e aproximou-se, curiosa:

- Coelhinho, o que é que você está fazendo aí, tão concentrado?

- Estou redigindo a minha tese de doutorado - disse o coelho, sem tirar os olhos do trabalho.

- Hummmmm  ...  e qual é o tema da sua tese?

- Ah! É uma teoria provando que os coelhos são os verdadeiros predadores naturais das raposas!

A raposa ficou indignada:

-  Ora! Isso é ridículo ! Nós é que somos  os predadores dos coelhos!

- Absolutamente! Venha comigo à minha toca que eu mostro a minha prova experimental.

O coelho e a raposa entraram na toca.

Momentos depois ouvem-se uivos, ruídos de mastigação e, finalmente, um grande silêncio.

Em seguida o coelho volta, sozinho, e mais uma vez retoma o trabalho de sua tese,
como se nada tivesse acontecido.

Meia hora depois, passa por ali um lobo.

Ao ver o apetitoso coelhinho tão distraído, agradece  mentalmente à cadeia alimentar por estar com o seu jantar garantido.  No entanto, o lobo também acha curioso um coelho trabalhando tão concentrado e distraído. O lobo resolve saber do que se trata, antes de, claro, devorar o coelho.

- Olá, jovem coelhinho ! O que o faz trabalhar tão arduamente?

- Minha tese de doutorado, seu lobo.

É uma teoria que venho desenvolvendo há algum tempo e que prova que nós, os coelhos, somos os grandes predadores naturais de vários animais carnívoros, inclusive dos lobos.

O lobo não se conteve e caiu na gargalhada pela petulância do coelho.

- Isso é um despropósito ! Nós, os lobos, é que somos os genuínos predadores naturais dos coelhos.  Aliás, chega de conversa....

- Desculpe-me, senhor lobo, mas se o senhor quiser posso apresentar a minha prova experimental. Gostaria de acompanhar-me até a minha toca?

O lobo não acreditou no que suas grandes orelhas ouviam. Estava com muita sorte.

E ambos desapareceram toca adentro.

Alguns instantes se passaram e ouviram-se uivos desesperados, ruídos de mastigação e....
total silêncio.

O coelho, mais uma vez, retornou sozinho ao ponto inicial,  impassível, como se nada
tivesse acontecido.  Dentro de sua toca havia uma enorme pilha de ossos ensangüentados
e pedaços de peles e couro de ex-raposas e, ao lado, uma outra pilha ainda maior dos restos mortais daquilo que um dia foram lobos.

Ao centro das duas pilhas de ossos estava um enorme leão, satisfeito,  bem alimentado, a lamber os beiços, enquanto palitava os dentes afiados.




MORAL DA HISTÓRIA:

- Não importa quão absurdo seja o tema de sua tese;

- Não importa se você não tem o mínimo fundamento científico;

- Não importa se os seus experimentos nunca cheguem a provar a sua teoria;

- Não importa nem mesmo se suas idéias vão contra o mais óbvio dos conceitos lógicos  ...

O que importa mesmo é  QUEM É O SEU PADRINHO!!!