sábado, 28 de abril de 2012

28 de abril: acidentes e doenças de trabalho matam mais que guerras

Os acidentes e mortes ocorridos nos locais de trabalho talvez sejam uma das faces que mais explicitam as consequências da exploração da força de trabalho de homens e mulheres na sociedade capitalista. Os dados são alarmantes: o trabalho mata quatro trabalhadores por minuto no mundo, muito mais que o vírus HIV ou as guerras. Morrem mais trabalhadores por falta de segurança no local de trabalho que por álcool e drogas juntos!
Segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT), são 6 mil trabalhadores mortos a cada dia, por acidentes e doenças relacionadas ao trabalho. Dos casos não fatais, são 270 milhões acidentes de trabalho e 160 milhões de casos novos de doenças (dados extraídos no site da Fundacentro), e esses são apenas dados estimados, dada a quantidade de trabalho informal.
A legislação que, teoricamente, foi feita pra proteger o trabalhador, na verdade é utilizada pelas empresas para culpabilizar o trabalhador por não ter seguido determinada norma. Enquanto essa norma não é seguida e não ocorre nenhum acidente, e com isso, a produtividade é ainda maior, a empresa ignora o fato do trabalhador não a seguir, ou até mesmo o estimula a não segui-la. Agora, quando o ocorre o acidente, a empresa aproveita pra colocar a culpa no trabalhador!
Quando vemos os patrões, a mídia e o governo - via políticos e até mesmo nas políticas públicas -, falando de prevenção via capacitação dos trabalhadores e informando sobre a segurança no trabalho, o que está se fazendo é dizer, implicitamente, que é o trabalhador o culpado por esses inúmeros acidentes e mortes. Quantos falam que é preciso aumentar o número de trabalhadores, reduzir a jornada de trabalho, pelo fim da dupla função, dar condições apropriadas como equipamento de segurança? Quantos denunciam as irresponsabilidades, o trabalho subumano, às vezes em regime de escravidão, na qual muitos trabalhadores estão submetidos?
Podemos chamar de “acidente” quando morre um trabalhador por conta do quadro reduzido de funcionários, ou quando este trabalha em regime de “dobradinha” (duplo turno), às vezes controlando máquinas pesadas? Acidente não é acidente quando poderia ter sido evitado! A morte no local de trabalho, diante das condições que temos hoje, não é fatalidade, é assassinato! É preciso ter coragem e intolerância frente a esses casos. Os patrões, a mídia e o governo querem culpabilizar e responsabilizar quem, na verdade, é vítima! Temos que dar um basta nisso! São eles os verdadeiros culpados!

Progresso e desenvolvimento para onde e para quem?
Belo Monte, a menina dos olhos do governo Dilma, propagandeado como um grande progresso para o Brasil está sendo construída em condições precárias de trabalho. A construção civil é um dos setores em que a segurança no trabalho é mais alarmante! São trabalhadores, muitas vezes de outros Estados, vivendo em alojamentos precários, trabalhando horas além da conta em condições precárias. Os megaeventos têm sido apontados como promissor para o desenvolvimento do País, quando também apresenta denúncias das condições nos canteiros de obras, sem falar no que acontecerá durante a Copa e as Olimpíadas, com uma série de trabalhos temporários precarizados! De que desenvolvimento e progresso estão falando?
Não é preciso muito esforço para perceber essa contradição entre o “desenvolvimento” clamado pelos poderosos e a situação de grande parte da sociedade: o trabalhador no chão de fábrica pode ver, nos últimos anos, o que mudou no seu local de trabalho: dos novos equipamentos e tecnologias desenvolvidos, quantos foram voltados para baratear e acelerar o processo de produção e o quanto foi voltado para melhorar suas condições de trabalho? Ainda que haja uma mudança ou outra com relação à segurança no trabalho, esta é feita pensando no lucro, visto que sai caro muitos acidentes de trabalho.
Estima-se que o Brasil perde, por ano, o equivalente a 4% do PIB por conta disso. Henry Ford, fundador da Ford Motor Company e quem implementou um novo modelo de produção conhecido posteriormente como fordismo, já disse há muito tempo atrás: "o corpo médico é a seção de minha fábrica que me dá mais lucro”. Dizia isto na medida em que contratava médicos para localizar os trabalhadores que poderiam vir a dar prejuízo para serem prontamente descartados, entre outras medidas que são relativas a segurança do trabalho, mas para assegurar o patrão, e não só trabalhadores!

Quem cuida da saúde do trabalhador?
Os trabalhadores precisam saber que, embora o culpado e responsável sejam os donos dos meios de produção e todo esse sistema que está estruturado na exploração do homem, o único capaz de cuidar de fato da saúde do trabalhador é o próprio trabalhador! São os trabalhadores que devem se organizar coletivamente para lutar por melhores condições de trabalho!
Somente através da organização dos trabalhadores e da luta por melhores condições de trabalho, sem a delegação desta responsabilidade para a empresa ou “técnicos” da área de saúde e segurança do trabalho, é possível evitar que o trabalho continue matando tantos trabalhadores, que necessitam vender sua força submetendo-se a uma série de riscos para a sua saúde e sua própria vida por esse ser o único meio de tirar o sustento próprio e de sua família.
A CIPA, nesse sentido, é um espaço fundamental a ser ocupado pelos trabalhadores, fazendo com que ela cumpra um papel de fiscalizar, torne-se um espaço de formação de trabalhadores para trabalhadores, e seja também um espaço de denúncia da política de reestruturação produtiva das empresas. No entanto, o caso recente ocorrido na AMBEV nos faz ver que não basta organizar-se no local de trabalho, mostrando que essa luta cotidiana por melhores condições de trabalho deve vir organizada a algo mais amplo.
Joaquim Boca, cipeiro demitido por justa causa por cumprir de forma íntegra o seu papel e denunciar a morte de um trabalhador por irregularidade no seu local de trabalho depois de muita luta conseguiu que tivesse os mínimos direitos seus garantidos por estar vinculado a uma luta dos trabalhadores para além de sua categoria. O Comitê por uma Internacional dos Trabalhadores (CIT), denunciou internacionalmente o fato ocorrido, e a CSP-CONLUTAS também cumpriu um papel importante nas reuniões com a empresa para fechar o acordo

28 de abril: uma data de luta para lembrar as vítimas de morte e acidente de trabalho
Nesses marcos, o dia 28 de abril é celebrado pela mídia e pelas empresas como “dia da saúde e segurança no trabalho”, organizando programas para “educar” o trabalhador de como executar sua função de forma mais “segura”, quando tradicionalmente os trabalhadores organizados em sindicatos ou nos movimentos populares de saúde reconhecem a data como “dia em memória das vítimas de acidentes e doenças do trabalho”, e marcam a data com atos e debates denunciando a situação alarmante em que vivemos.
A CSP-Conlutas, fundada em 2010, organizou em 2011 atos, debates e panfletos para o dia 28 de abril. O mesmo nesse ano, em que utiliza a data para denunciar a GM, Belo Monte, obras do PAC e a omissão do governo Dilma frente a todo esse cenário.

CSP- Conlutas: Construir a unidade da classe trabalhadora da cidade e do campo para derrotar os ataques de patrões e governos
Do dia 28 de abril ao 01 de maio acontece o I Congresso da Central Sindical e Popular - Conlutas. Neste curto período de existência, mostrou-se importante impulsionando uma forte resistência ao governo Dilma e a retomada do processo de recomposição e reorganização da luta da classe trabalhadora. Apresenta-se como um espaço em potencial de ser ocupado pelos os sindicatos já filiados, mas também as oposições sindicais e minorias sindicais de entidades ligadas a outras Centrais que cada vez mais são desmascaradas revelando o seu rabo preso com patrões e governos.
Esta Central tem se destacado também jogando um papel importante com a criação do setorial nacional de Saúde do Trabalhador, ramificando para setoriais regionais e Estaduais. Essa instância, tem reunido cipeiros e realizando um trabalho que a CUT e demais centrais abandonaram no último período. Nós, da LSR, em conjunto com demais setores do Bloco de Resistência Socialista, defendemos em nossa tese que a Central invista na organização das CIPAS, continue a formação de fóruns regionais de saúde do trabalhador, construa um coletivo de advogados e profissionais voluntários especializados em saúde e segurança dos trabalhadores, entre outras iniciativas para enfrentar os ataques à saúde do trabalhador.

Isabel Keppler e Marcelo Vilhanueva, psicólogos, Baixada Santista

Publicado originalmente no site:

sábado, 21 de abril de 2012

MANIFESTO SOBRE ACIDENTES E DOENÇAS DO TRABALHO


CSP-CONLUTAS Central Sindical e Popular
SETORIAL DE SAÚDE DO TRABALHADOR

Abril de 2012


28 de abril é Dia Mundial em Memória das Vítimas de Acidentes e Doenças do Trabalho 28 de abril é Dia Mundial em Memória das Vítimas de Acidentes e Doenças do Trabalho. Lembrar-se das vítimas é não esquecer que milhares de mortes e acidentes são causadas pela ganância, exploração e sede dos lucros, engrenagens
vitais dentro do sistema capitalista.
Esta data foi escolhida em razão de um acidente que matou 78 operários em uma mina nos Estados Unidos, em 1969.
Desde 2003, a Organização Internacional do Trabalho (OIT) dedica este dia à reflexão sobre a segurança e saúde no trabalho. No Brasil, a data foi instituída em maio de 2005, pela lei nº 11.121.
Cerca de 270 milhões de acidentes de trabalho acontecem todos os anos e as doenças relacionadas ao trabalho afetam 160 milhões de pessoas em todo o mundo. Em todos os anos, aproximadamente dois milhões de pessoas perdem suas vidas no trabalho. Quando fazemos as contas, nos damos conta da dimensão do problema: são 5 mil mortes por dia, três vidas perdidas a cada minuto, aproximadamente o dobro das baixas ocasionadas pelas guerras e mais do que as perdas provocadas pela aids. Doze mil das vítimas são crianças.
No Brasil, somente em 2009, 750 mil brasileiros inseridos no mercado formal de trabalho foram vítimas de acidentes durante o exercício de suas atividades.
Vítimas do próprio trabalho, companheiros perdem a vida em situações que são emblemáticas.
Nas obras do PAC, do governo federal, trabalhadores são submetidos a situações degradantes, como exposição a uma série de fatores de riscos, acomodações insalubres, comida estragada e até trabalho escravo. Desde 2008, apenas em 21 grandes obras foram registradas 40 mortes de operários em acidentes.
Só nas usinas de Jirau e Santo Antônio houve seis mortes.
A última morte aconteceu no final de março, nas obras de Belo Monte, quando o operário Francisco Orlando Rodrigues Lopes morreu atropelado, o que provocou uma greve dos operários exigindo melhores condições de trabalho. Por sinal, o setor de construção civil, que está em alta no país, é um dos que mais mutilam e matam trabalhadores.
Na GM, maior montadora do mundo, um metalúrgico morreu recentemente prensado por equipamentos de várias toneladas. Antonio Teodoro Pereira Filho, 59 anos, perdeu a vida num sábado, dia 24 de março, enquanto era obrigado a fazer horas extras.
E são vários outros exemplos em todo o país. Os números impressionam, mas a situação é ainda mais grave. Isso porque, os dados oficiais são subnotificados pelas empresas, que escondem acidentes e casos de doenças ocupacionais, para não pagar impostos. Isso sem contar os companheiros que atuam em trabalhos precários, que não têm carteira assinada e não participam das estatísticas.

Basta de mortes e acidentes!

Novamente, é hora de relembrar nossos mortos e lutar pela vida. Afinal, saúde e segurança no trabalho são direitos elementares dos trabalhadores, que deveriam ser garantidos por governo e empresas.
Além de não nos esquecermos das mortes de tantos companheiros e companheiras, é preciso reforçar que a epidemia de doenças ocupacionais, em todos os setores patronais, ataca duramente a nossa classe. A incidência de casos de LER/DORT (Lesões por Esforços Repetitivos e Doenças Osteomusculares Relacionadas ao Trabalho), por exemplo, cresce no mesmo ritmo do aumento da exploração patronal.
O assédio moral é uma realidade dentro do cotidiano de muitos trabalhadores. São práticas constantes e repetitivas, utilizadas pelos superiores, para pressionar, isolar e humilhar o trabalhador. É a pressão nas empresas e nos bancos, o estresse nas escolas e a falta de segurança aos profissionais de saúde nos hospitais. O efeito cascata tem gerado o aumento das doenças mentais relacionadas ao trabalho.

Governo não tem metas para reduzir acidentes

O governo Dilma tem atacado os trabalhadores, seja com medidas como a alta programada, o sucateamento dos órgãos que deveriam fiscalizar as empresas ou a não edição de uma lei que proteja o trabalhador que sofre acidente ou tenha adquirido doença ocupacional, já que a legislação estabelece apenas um ano de estabilidade e, mesmo assim, muitas vezes isso é burlado pelas empresas.
Em resumo, nosso país não tem política definida para buscar reduzir os números de acidentes e doenças ocupacionais. Pelo contrário. A atual política está voltada para garantir os lucros dos patrões.
Um claro exemplo é o plano Brasil Maior, que está concedendo um pacote que totaliza R$ 60 bilhões às empresas somente este ano. O plano está extinguindo a contribuição previdenciária de vários setores patronais. A perversa lógica de tirar do caixa do INSS e dar aos patrões abre o caminho para a uma nova reforma previdenciária e novos ataques
aos trabalhadores.
por mais segurança nos locais de trabalho, fim do assédio moral, contra as isenções aos patrões e contra os ataques à Previdência. Além disso, para combater os acidentes e doenças do trabalho, é preciso liberdade de organização no local de trabalho, na contramão do que tem acontecido, como no caso da Ambev, em Jacareí (SP), que demitiu o vicepresidente da Cipa, o companheiro Joaquim Aristeu, numa clara tentativa de criminalizar um instrumento que deve servir como garantia de saúde e segurança aos trabalhadores.
Por tudo isso, é hora de agir.
Dia 28 de abril é dia de sair às ruas para mostrar nossa disposição de luta e mobilização.
Vamos à luta!



segunda-feira, 9 de abril de 2012

Desabafo de um Trabalhador

Desabafo de alguém que é punido por ter denunciado a causa de um acidente do trabalho que tirou a vida de um jovem de 25 anos



 Camaradas estou a poucas horas de uma grande frustração em minha vida como militante sindical que sou há mais de 30 anos.
Digo isso porque hoje de manhã devo fechar um acordo com a multinacional AmBev/INBEV, a maior cervejaria do mundo pelo qual abro mão de um direito garantido a mim por 230 trabalhadores que me elegeram em 2011 para cipeiro na AmBev, tendo sido a maior votação que um cipeiro já recebeu na AmBev em todos os tempos, 33% do total de votantes em uma eleição com mais de 20 candidatos.
Nos anos anteriores eu já havia recebido votações que me fizeram o mais votado e vice presidente da CIPA pela terceira vez consecutiva.
Este respeito perante aos trabalhadores conquistei nos quase 24 anos que dediquei boa parte de minha vida em defesa dos trabalhadores da AmBev e mais de 30 anos de luta em defesa dos trabalhadores de maneira geral.
Devo abrir mão do meu direito de brigar na justiça pela minha reintegração para dentro da fábrica.
Faço isso porque tenho que manter a obrevivência da minha família, e esperar por uma decisão judicial, que diga se de passagem, até agora não foi dado entrada no processo pelo jurídico do nosso sindicato, deve ser bastante demorado, e não ter tido a compreensão das entidades do movimento em me bancar financeiramente, os sindicatos, em especial o sindicato da alimentação de São José dos Campos do qual fui dirigente por quase 18 anos e a CSP-Conlutas central a qual sou da direção executiva da estadual SP. Isso para mim é muito frustrante.
Ter dedicado todos estes anos na luta em defesa dos trabalhadores e agora ser aposentado na luta no local de trabalho por ter denunciado as verdadeiras causas de um acidente que matou um jovem de 25 anos, que iria ser pai do primeiro filho dali a 3 meses e não ter a compreensão do movimento sindical classista da importância de bancar a minha reintegração para esta multinacional para mim é uma grande derrota daqueles que pregam um sindicalismo classista e de chão de fábrica.



Vou para este acordo com a AmBev triste por ter procurado apoio nos sindicato e em especial na csp conlutas e no sindicato da alimentação, soliciatando que bancassem parte do meu salário para minha sobrevivência e de minha família com compromisso de devolver tudo quando ganhasse o processo. Não tendo sido atendido, exceto a CSP-Conlutas, que se propôs a fazer uma pequena contribuição por apenas alguns meses, o que não contemplaria, haja visto a demora que pode ocorrer uma ação na justiça.
Porém, independente desta situação, recebemos muitas moções e solidariedade por parte de muitas entidades e dezenas de camaradas individuais, foram milhares de postagens de apoio nas redes sociais, o que forçou a AmBev a negociar o pagamento dos nossos direitos e propor a antecipação da nossa aposentadoria e manutenção do convenio médico.
Estas propostas, mesmo limitadas, sem a mais importante de todas que seria a nossa reintegração para dentro da fabrica, deve ser aceita por nós, e agradecemos a todas e a todos que de alguma forma colaboraram com a nossa luta.



 Joaquim Aristeu Benedito da Silva (BOCA)

quinta-feira, 5 de abril de 2012

A situação atual da luta contra a demissão de Joaquim Boca

Aos trabalhadores da AmBev – Jacareí
Companheiros e companheiras, amigos e amigas,


Durante quase 24 anos estive à frente das lutas por nossos direitos como trabalhadores da AmBev. Nesse período sempre pude contar com sua confiança e apoio. Foram vocês que me elegeram vice-presidente da CIPA e dirigente sindical por diversas vezes para que eu pudesse, junto com outros, enfrentar os patrões e defender nossos interesses.

 No dia 12 de março a direção da empresa decidiu me demitir por justa causa. Foi uma decisão ilegal e ilegítima. Os patrões pisaram na vontade dos trabalhadores que me elegeram. Fui demitido por exercer meu papel como Cipeiro e denunciar o papel da empresa na morte de um trabalhador terceirizado.

Depois de um importante ato de apoio e solidariedade na porta da empresa e de centenas de moções de apoio e protesto contra a AmBev vindas de vários sindicatos, parlamentares e personalidade de dentro e de fora do país, a empresa se sentiu pressionada e aceitou negociar.

Passaram a oferecer várias propostas que, mesmo sendo limitadas diante da ilegalidade que cometeram, poderiam atenuar meu problema pessoal, como pai de família, avô e alguém que já passou de certa idade e tem suas necessidades especiais de cuidado com a saúde.

Porém, minha disposição do fundo do coração é manter a luta pela reintegração plena na fábrica para continuar lutando pelos nossos direitos.

Mas, isso só poderá acontecer se a direção do Sindicato da Alimentação assumir o compromisso de bancar a luta até o fim e também garantir, pelo menos em parte, minha sustentação financeira até nossa vitória definitiva contra a AmBev.

Quando vencermos na Justiça todo o gasto com minha sustentação seria devolvido ao sindicato como já aconteceu no passado em nossa categoria e em várias outras categorias.

Infelizmente não temos até o momento uma definição clara da parte da diretoria do Sindicato sobre isso.

Essa definição precisa acontecer o mais rapidamente possível. Caso contrário, a única alternativa que a direção do Sindicato deixará para mim é negociar um acordo com a direção da empresa. Isso seria um retrocesso para todo o movimento sindical, mas pode acabar sendo inevitável dependendo do que faça a direção do Sindicato.

Por isso, peço a todos e todas que me ajudem a lutar para que o Sindicato assuma sua responsabilidade e para que juntos possamos derrotar a AmBev e continuar nossa luta.

Convido a todos e todas para uma reunião que vai discutir minha situação, a luta na AmBev e também o Congresso da CSP-Conlutas. Será no dia 05 de abril, quinta-feira, em três horários – 10h, 14h e 16h. A reunião será na sede do Sindicato dos Metalúrgicos em Jacareí – Rua José Medeiros, 80.

Por favor, compareça!

Joaquim Boca

quarta-feira, 4 de abril de 2012

Lei da Mordaça na AmBev

Os absurdos e desmandos dentro da empresa AmBev não param...
Agora, o diretor do sindicato dos trabalhadores, Valter Gildo, trabalhador daquela empresa, está proibido de falar em reuniões que a empresa faz com os trabalhadores sob pena de ser retirado da fábrica pelos seguranças patrimoniais.
Querem calar quem defende os trabalhadores para prosseguirem atacando, lesionando por doenças e acidentes do trabalho impunemente.

É mais uma arbitrariedade, um ataque frontal aos direitos dos trabalhadores, um crime contra a organização do trabalho.
Onde estão os órgãos públicos que deveriam estar coibindo esses atos?
Ou será que a repressão é só quando os trabalhadores resolvem paralisar as atividades em justa greve, que, geralmente, acaba sendo julgada abusiva.
Com a palavra os Ministério Público do Trabalho e o Ministério do Trabalho e Emprego...
Estas camisetas estarão à venda para bancar a Campanha pela Reintegração do Joaquim.



Nas costas, está estampado os dizeres e as logomarcas dessa arte, que também estampará posters, banners e pode ser baixado para seus blogues e sites.

E esta estampará as camisetas que serão vendidas no exterior


E não esqueçam que assinar e divulgar essa petição para seus contatos  é uma forma de pressionar a Ambev e contribuir para a reintegração de um cipeiro demitido injustamente. Também é um ato de solidariedade de classe e de manifestação em defesa do direito à livre organização dos trabalhadores!



terça-feira, 3 de abril de 2012

CERVEJA COM SANGUE E EXPLORAÇÃO DE TRABALHADORES NÃO DESCE REDONDO


A cervejaria AmBev/INBEV que produz as marcas SKOL, BRAHMA, BUDWEISER, ANTARTICA, BOEMIA e várias outras marcas pelo mundo, esconde por trás de sua máscara de empresa modelo para se trabalhar, um verdadeiro mistério: a exploração, o assédio moral, a falta de segurança e o descaso com a saúde dos trabalhadores.
No Brasil nos últimos anos a AmBev já sofreu varias condenações por praticas de assédio moral e abuso contra a saúde dos trabalhadores.
A prática do assédio moral é tão forte que hoje temos dezenas de trabalhadores com doenças psíquicas e estresse, que já levaram trabalhadores às vias de tentativas de suicídio. Hoje, muitos destes trabalhadores se encontram em tratamento médico por problemas nervosos e psíquicos.
Tendo como carro chefe deste assédio a pressão da chefia por cada vez mais produção, as exigências dos programas de qualidade e as avaliações individuais, o excesso de jornada, etc...
A política de segurança da AmBev/INBEV não tem sido falha só em Jacareí. Nas demais unidades espalhadas por 32 países no mundo as doenças e acidentes do trabalho têm ocorrido, exemplo: suas unidades na CHINA, que nos últimos anos de sua existência, têm patrocinado vários acidentes, mortes e doenças do trabalho.
Nos últimos dois anos têm ocorrido, dentro das plantas da companhia em todo mundo, mortes de trabalhadores a exemplo aqui no Brasil que só nos últimos seis meses temos conhecimento de duas mortes em acidentes do trabalho.
Centenas ficam mutilados por acidentes do trabalho sofridos dentro da companhia, para não falar que existe um verdadeiro exército de lesionados com doenças do trabalho devido às péssimas condições no ambiente de trabalho.
Os altos níveis de ruídos, o trabalho em condições anti-ergonômicas, os produtos químicos, ou até mesmo o trabalho em locais em contato com ratos e pombos e o tratamento de esgoto sanitário coloca estes trabalhadores em contatos com coliformes fecais de gente e animais peçonhentos, colocando em risco de contraírem doenças como leptospirose, doenças de pombo e hepatite c.
As péssimas condições do ambiente de trabalho e as condições inseguras na fábrica são muitas.
Em Janeiro existia mais de 280 condições inseguras registradas e catalogadas nos books de incidentes da empresa.
Isto tem levado que a unidade de Jacareí seja, hoje, uma das campeãs em acidente do trabalho e doenças profissionais.
Existem hoje dezenas de trabalhadores em tratamento médico por problemas de doenças do trabalho e ocorrem, em média, 2 acidentes a cada 3 dias na fábrica nos momentos de alta produção.
Porém, para camuflar e esconder os índices alarmantes de acidentes e doenças do trabalho, muitas vezes não é aberta a CAT (Comunicação de Acidentes do Trabalho) e quando abertas essas CATs, na maioria das vezes, estes trabalhadores não são afastados e são colocados em trabalho compatível.

É normal a gente ver na fábrica, trabalhadores circulando com muletas, gesso, colete cervical ou ferimentos. Tudo isso para não quebrar os índices de acidentes exigidos por lei.
Existe ainda outro agravante: a escala de trabalho é abusiva. Hoje existe uma escala que já é ruim, onde o trabalhador, pela escala, só folga nos finais de semana de 70 em 70 dias. E ainda, quando estas folgas caem no meio da semana, dificilmente o trabalhador folga: a empresa, à revelia da entidade sindical, criou um banco de horas e quando a produção cresce, em média, 8 meses por ano, tem trabalhador que só folga de 60 em 60 dias e isso aumenta o estresse, os acidentes e doenças do trabalho.
Junto a isso, ainda existe um programa de remuneração variável chamado PEF, Programa de Excelência Fabril, que chega ser infinitamente pior que a lei 10.101/2000, este programa, sem discutir com o sindicato, impõem metas abusivas acelerando o ritmo de produção e criando as famosas avaliações individuais que faz com que o assédio moral e os acidentes e doenças do trabalho aumentem cada vez mais.
Todas estas denúncias, nós nestes anos de atuação como cipeiro e vice-presidente da CIPA na AmBev e como membro da direção da CSP CONLUTAS, em nossos boletins distribuídos na fábrica e protocolamos no MINISTÉRIO PÚBLICO, no MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO e ATÉ NA POLICIA FEDERAL, se consultados nestes órgãos públicos, verão que existe um volume extenso de nossas denúncias que, em muitas vezes, acabaram sendo arquivados por falta de interesses destes órgãos para com a saúde dos trabalhadores.
SÃO ESSES ALGUNS DOS MOTIVOS PELOS QUAIS NÓS ESTAMOS SENDO PUNIDO COM A DEMISSÃO POR JUSTA CAUSA.
E aí: você ainda continua achando que as cervejas da AmBev/INBEV DESCEM REDONDO?
PATROCINAM MORTES, DOENÇAS E ACIDENTES DO TRABALHO E AINDA DEMITEM QUEM DENUNCIA
VOCE ACHA JUSTO?

JOAQUIM BOCA ARISTEU
Vice-Presidente da CIPA da AmBev 2011/2012,
Membro da Direção Executiva da CSP-CONLUTAS
e militante do Bloco de Resistência Socialista Sindical e Popular

Por: Joaquim Aristeu Benedito da Silva




Assinar essa petição é uma forma de pressionar a Ambev e contribuir para a reintegração de um cipeiro demitido injustamente. Também é um ato de solidariedade de classe e de manifestação em defesa do direito à livre organização dos trabalhadores!