sábado, 1 de setembro de 2012

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ESTE DEBATE INTERESSA A TODOS QUE SÃO CONTRA O ACORDO COLETIVO ESPECIAL,
É DE FUNDAMENTAL IMPORTÂNCIA PARA  MILITANTES SINDICAIS E ADVOGADAS E ADVOGADOS QUE NÃO SE RENDERAM A CONCILIAÇÃO DE CLASSE E AO GOVERNISMO.
VOCE É NOSSA(O) CONVIDADA(O).
SUA PRESENÇA VAI ACRESCENTAR E ENRIQUECER NOSSOS CONHECIMENTOS SOBRE MAIS ESTE ATAQUE PATROCINADO PELOS CONCILIADORES DE CLASSE.

sexta-feira, 13 de julho de 2012

Denúncia

"É para assustar mesmo, cada vez que eu acordo estou mais moribunda.
SINDIPETRO-BA/FUP/CUT promoveram minha piora ao reter meu empréstimo sindical de demitida política.
É muito pouco, R$ 2300,00/mês aproximadamente, mas a falta me deixou sem chão, comida, ameaçada de perder o teto.
Vivo de doações, isso nunca aconteceu com demitidos políticos petroleiros.
O motivo é o atrelamento do sindicato ao Governo e gerencia da Petrobras (ex-sindicalistas gerentes e sindicalistas de plantão).
São uns covardes desumanos, querem me matar, mas EU QUERO VIVER!
Peço que compartilhem, o PT quer me matar!!!"

É necessário fazer uma campanha massiva para denunciar esse descaso.
Vamos ajudar a Leninha...
https://www.facebook.com/edilenefariasoliveira

sexta-feira, 18 de maio de 2012

Combate a Pedofilia:

O crime bárbaro envolvendo uma criança faz surgir o Dia 18 de Maio: Dia Nacional de Combate ao Abuso e Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes

Canindé de São Francisco/SE - Durante mais de três anos, na década de 70, pouca gente ousou abrir a gaveta do Instituto Médico-Legal de Vitória, no Espírito Santo, onde se encontrava o corpo de uma menina de nove anos incompletos. E havia motivos para isso. Além de o corpo estar barbaramente seviciado e desfigurado com ácido, se interessar pelo caso significava comprar briga com as mais poderosas famílias do Estado, cujos filhos estavam sendo acusados do hediondo crime. Pelo menos duas pessoas já tinham morrido em circunstâncias misteriosas por se envolverem com o assunto.
Por Adeval Marques, CREAS Canindé - Acesse: www.creascanindesf.blogspot.com
Ainda assim, corajosos enfrentavam os poderosos exigindo justiça, tanto que o corpo permanecia insepulto na fria gaveta, como se fosse a última trincheira da resistência. O nome da menina era Araceli Cabrera Crespo e seu martírio significou tanto que o dia 18 de maio – data em que ela desapareceu da escola onde estudava para nunca mais ser vista com vida – se transformou no Dia Nacional de Combate ao Abuso e Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes.
Por uma dessas cruéis ironias, Jardim dos Anjos era onde ficava um casarão, na Praia de Canto, usado por um grupo de viciados de Vitória (ES) para promover orgias regadas a LSD, cocaína e álcool, nas quais muitas vítimas eram crianças – anjos do sexo feminino. Entre a turma de toxicômanos, era conhecida a atração que Paulo Constanteen Helal, o Paulinho, e Dante de Brito Michelini, o Dantinho, líderes do grupo, sentiam por menininhas. Dizia-se, sempre a boca pequena, que eles drogavam e violentavam meninas e adolescentes no casarão e em apartamentos mantidos exclusivamente para festas de embalo. O comércio de drogas era, e é muito enraizado naquela cidade. O Bar Franciscano, da família Michelini, era apontado como um ponto conhecido de tráfico e consumo livres.

SUSPEITAS SOBRE A MÃE DA MENINA
Araceli vivia com o pai Gabriel Sanches Crespo, eletricista do Porto de Vitória, amãe Lola, boliviana radicada no país, e o irmão Carlinhos, alguns anos mais velho que ela. Na casa modesta, localizada na Rua São Paulo, bairro de Fátima, era mantido o viralata Radar, xodó da menina, que o criava desde pequenino. Segundo o escritor José Louzeiro que acompanhou o caso de perto e o transformou no livro “Araceli, Meu Amor” – o nome Radar foi escolhido pela garota “para que o animal sempre a encontrasse”. Araceli estudava perto de casa, no Colégio São Pedro, na Praia do Suá, e mantinha urna rotina dificilmente quebrada. Ela saía da escola, no fim da tarde, e ia para um ponto de ônibus ali perto, quase na porta de um bar, onde invariavelmente brincava com um gato que vivia por ali.
No dia 18 de maio de 1973, uma sexta-feira, a rotina de Araceli foi alterada. Ela não apareceu em casa e o pai, num velho Fusca, saiu a procurá-la pelas casas de amigos e conhecidos, até chegar ao centro de Vitória. Nada. A menina não estava em lugar algum. Só restou a Gabriel comunicar a Lola que a filha estava desaparecida e que tinha deixado seu retrato em redações de jornais, na esperança de que fosse, realmente, somente um desaparecimento. No dia seguinte, quando foi ao colégio para conseguir mais informações, Gabriel ficou sabendo que a menina tinha saído mais cedo da escola. De acordo com a professora Marlene Stefanon, Araceli tinha “ido embora para casa por volta das quatro e meia da tarde, como a mãe mandou pedir num bilhete”.
Na véspera, Lola tivera uma reação aparentemente normal ao constatar a demora da filha em chegar em casa. Primeiro, ficou enervada; depois, preocupada. No sábado, tarde da noite, sofreu uma crise nervosa e precisou ser internada no Pronto Socorro da Santa Casa de Misericórdia. Ainda no início do processo, acabariam pesando sobre ela fortes suspeitas e graves acusações. Lola foi apontada como viciada e traficante de cocaína, fornecedora da droga para pessoas influentes da cidade e até amante de Jorge Michelini, tio de Dantinho. E mais: ela era irmã de traficantes de Santa Cruz de La Sierra, para onde se mudou tão logo o caso ganhou dimensão, deixando para trás o marido Gabriel e o outro filho, Carlinhos. Não se sabe até onde Lola facilitou ou estimulou a cobiça dos assassinos em relação a Araceli.
MENINA ERA USADA NO TRÁFICO DE DROGAS
A respeito de Dantinho e de Paulinho Helal, dizia-se que uma de suas diversões durante o dia era rondar os colégios da cidade em busca de possíveis vítimas, apostando na impunidade que o dinheiro dos pais podia comprar. Dante Barros Michelini era rico exportador de café (tão ligado a Dantinho que chegou a ser preso, acusado de tumultuar o inquérito para livrar o filho). Constanteen Helal, pai de Paulinho, era comerciante riquíssimo e poderoso membro da maçonaria capixaba. Seus negócios também incluíam imóveis, hotéis, fazendas e casas comerciais. Já o eletricista Gabriel, seu maior tesouro era a filha. No domingo, ele foi à delegacia dar queixa, onde lhe foi dito que tudo seria feito para encontrar Araceli. Na Santa Casa, ele contou a Lola o resultado de sua busca e falou da garantia dos policiais de que tudo acabaria bem. Lola pareceu não acreditar – e chorou. O escritor José Louzeiro não tem dúvida:
Lola foi, indiretamente, a causadora do hediondo crime de que sua filha foi vítima. “Na sexta-feira, a mando da mãe, Araceli tinha ido levar um envelope no edifício Apoio, no Centro de Vitória, ainda em construção, mas que já tinha uns três ou quatro apartamentos prontos, no 8º andar. A menina não sabia, mas o envelope continha drogas. Num dos apartamentos, Paulinho Helal, Dantinho e outros se drogavam. Ela chegou, foi agarrada e não saiu mais com vida”, conta o escritor.
O que aconteceu realmente com Araceli Cabrera Crespo talvez nunca se saiba. E talvez, seja bom mesmo não conhecer os detalhes, tamanha é a brutalidade que o exame de corpo delito deixa entrever. A menina foi estupidamente martirizada. Araceli foi espancada, estuprada, drogada e morta numa orgia de drogas e sexo. Sua vagina, seu peito e sua barriga tinham marcas de dentes. Seu queixo foi deslocado com um golpe. Finalmente, seu corpo – o rosto, principalmente – foi desfigurado com ácido.
CORRUPÇÃO E CUMPLICIDADE DA POLÍCIA
Seis dias depois do massacre da menina, um moleque caçava passarinhos num terreno baldio atrás do Hospital Infantil Menino Jesus, na Praia Comprida, perto do Centro da capital. Mas o que ele encontrou foi o corpo despido e desfigurado de Araceli. Começou, então, a ser tecida uma rede de cumplicidade e corrupção, que envolveu a polícia e o judiciário e impediu a apuração do crime e o julgamento dos acusados por uma sociedade silenciada pelo medo e oprimida pelo abuso de poder.
Dois meses após o aparecimento do corpo, num dia qualquer de julho de 1973, o superintendente de Polícia Civil do Espírito Santo, Gilberto Barros Faria, fez uma revelação bombástica. Ele afirmou que já sabia o nome dos criminosos, vários, e que a população de Vitória ficaria estarrecida quando fossem anunciados, no dia seguinte. Barros havia retirado cabelos de um pente usado por Araceli e do corpo encontrado e levado para exames em Brasília. confirmando que eram iguais. Por que a providência? Até então, havia dúvidas que era de Araceli o corpo que apareceu desfigurado no terreno baldio. Gabriel sabia que era o da filha – ele o reconheceu por um sinal de nascença, num dos dedos dos pés. Mas Lola disse o contrário. Assim que se recuperou, ela foi ao IML reconhecer o corpo e afirmou que não era de sua filha. Louzeiro recorda um outro fato a respeito disso, altamente elucidativo. Certo dia, Gabriel levou o cachorro Radar ao IML só para confirmar, ainda mais sua certeza. Não deu outra: mesmo com a gaveta fechada, animal agiu realmente como um radar, como Araceli premonizara, e foi direto à geladeira onde estava o corpo de sua dona.
O DELEGADO MUDA DE OPINIÃO
Porém, sem que explicasse o porquê (na noite anterior, ele tivera um encontro com Dante Michelini), Barros Faria mudou de opinião e, ao invés de estarrecer a população de Vitória, provocou riso e deboche por uma lado, e revolta, por outro. O assassino de Araceli, segundo ele, era um velho negro, demente, que perambulava pela Praia do Suá, perto da escola da menina. Começava a escalada de suborno, ou de medo. Coisa que não fazia parte do caráter de um sargento da Polícia Militar, lotado no serviço secreto, e de um vereador do MDB de Vitória. O primeiro, Homero Dias, acabaria pagando com a vida as investigações que fez. Certo de que estava mexendo em casa de marimbondos, o sargento Homero procurava se cercar de muito cuidado durante suas investigações. Tudo que apurava, ele comunicava a seu superior imediato, ocapitão Manoel Araújo, também delegado de polícia, em quem confiava. A esposa, Elza, e ao sogro, João Dias, confidenciou certa vez: “Já tenho material para incriminar muita gente. Acho que o capitão Araújo já pode interrogar o filho de Constanteen Helal.”
Repentinamente, Homero foi afastado do caso pelo próprio capitão Araújo e recebeu ordens de perseguir o traficante José Paulo Barbosa. o Paulinho Boca Negra, na ilha do Príncipe. Na operação, Homero foi atingido nas costas e morreu. O próprio Boca Negra diria depois, na Penitenciária de Vitória, até ser calado para sempre, tempos após, com 27 facadas:
“Quem matou o sargento Homero foi o soldado da PM que estava com ele. Eu vi quando ele atirou.”
EVIDÊNCIAS APONTAM PARA HELAL E DANTINHO
O vereador era Clério Vieira Falcão, falecido há cerca de seis anos, que travou incansável luta para botar na cadeia os assassinos de Araceli. Ele deflagrou uma campanha, que repercutiu em todo o país, exigindo a apuração do crime e a apuração dos culpados, que apontava: Dante de Brito Michelini, Paulo Constanteen Helal e a amante deste, Marisley Fernandes Muniz, viciada em drogas. O nome dela surgiu no caso graças à paciente investigação feita pelo perito Asdrúbal de Lima Cabral, o Dudu, que, com a ajuda de seu colega carioca Carlos Éboli, também muito contribuiu para que o caso não fosse esquecido. Louzeiro recorda, por exemplo, que certa ocasião Dudu seguiu a mãe de Araceli, Lola, até São Paulo. Ela tinha saído de Vitória vestida praticamente como uma mendiga e, num hotel da capital paulista, vestira roupas elegantes e embarcara num avião para a Bolívia. Motivo: comprar drogas para a gangue dos acusados, mesmo após a morte da filha.
Eleito deputado, Clério Falcão conseguiu formar uma CPI para apurar o caso, que obteve mais resultados que a própria polícia. Ouvida na CPI, Marisley Fernandes declarou que o casarão do Jardim dos Anjos era reduto de festas de filhos de milionários, onde se consumia grandes quantidades de cocaína e LSD.
Ela também disse, mas depois negou, que Paulinho Helal a tinha levado ao local onde estava o corpo de Araceli, num carro onde havia um frasco com um líquido amarelo e luvas. O objetivo dele, segundo a amante, era ver se precisavadespejar mais ácido no cadáver para dificultar o reconhecimento. Também convocado a depor na CPI, o perito Carlos Éboli disse que os assassinos deram uma dose excessiva de LSD a Araceli.
O Caso Araceli também fez vítimas do lado dos acusados. Uma delas foi o jovemFortunato Piccin, um viciado que perdia completamente a razão quando se drogava em excesso. Ele foi apontado pelo capitão Manoel Araújo como suspeito do crime e morreu depois de tomar um remédio trocado, na Santa Casa de Misericórdia de Vitória, da qual Constanteen Helal era provedor. Também há suspeitas de que o próprio Jorge Michelini, tio de Dantinho, tenha sido eliminado por ameaçar contar tudo que sabia. Numa madrugada, o carro que dirigia foi atingido pelo ônibus de uma empresa, cujos veículos só circulavam até meia-noite. Segundo Louzeiro, outros dois assassinados foram um mecânico que prestava serviços para Paulinho Helal e o porteiro do Edifício Apolo.
O corpo de Araceli, segundo as investigações, teria sido levado num Karmann-Ghia do Edifício Apolo para o Bar Franciscano, onde ficou dentro de uma geladeira. Posteriormente, o corpo teria sido conduzido à Santa Casa de Misericórdia, com a cumplicidade do funcionário do serviço de necrópsia Arnaldo Neres, que viraria depois dono de funerária. Finalmente, o cadáver da menina foi deixado no terreno baldio. Muita gente viu e soube do que estava acontecendo durante aqueles dias. Os carrascos de Araceli fizeram tudo quase abertamente, tal a certeza da impunidade. O inquérito policial não passou de uma farsa e o longo processo judicial não conseguiu transformar evidências em provas.
Ainda assim, em agosto de 1977, o juiz Hilton Sily (falecido em abril passado), determinou a prisão de Dante de Brito Michelini e Paulo Constanteen Helal, pelo assassinato de Araceli, e de Dante Barros Michelini, acusado de tumultuar o inquérito para livrar o filho. Em outubro do mesmo ano eles já estavam soltos e o juiz havia sido “promovido” a desembargador. Em 1980, Dantinho e Paulinho foram julgados e condenados, mas a sentença foi anulada. Em novo julgamento, realizado em 1991, os reús foram absolvidos.
O crime já prescreveu. Mas o Caso Araceli é uma ferida que nunca cicatrizou completamente. Mexer com o assunto em Vitória ainda desperta medo, revolta e incredulidade.
Fonte: Pedro Argemiro, revista Crimes Que Abalaram o Brasil
http://www.todoscontraapedofiliamt.com.br/2012/05/combate-pedofiliao-crime-barbaro.html

sábado, 28 de abril de 2012

28 de abril: acidentes e doenças de trabalho matam mais que guerras

Os acidentes e mortes ocorridos nos locais de trabalho talvez sejam uma das faces que mais explicitam as consequências da exploração da força de trabalho de homens e mulheres na sociedade capitalista. Os dados são alarmantes: o trabalho mata quatro trabalhadores por minuto no mundo, muito mais que o vírus HIV ou as guerras. Morrem mais trabalhadores por falta de segurança no local de trabalho que por álcool e drogas juntos!
Segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT), são 6 mil trabalhadores mortos a cada dia, por acidentes e doenças relacionadas ao trabalho. Dos casos não fatais, são 270 milhões acidentes de trabalho e 160 milhões de casos novos de doenças (dados extraídos no site da Fundacentro), e esses são apenas dados estimados, dada a quantidade de trabalho informal.
A legislação que, teoricamente, foi feita pra proteger o trabalhador, na verdade é utilizada pelas empresas para culpabilizar o trabalhador por não ter seguido determinada norma. Enquanto essa norma não é seguida e não ocorre nenhum acidente, e com isso, a produtividade é ainda maior, a empresa ignora o fato do trabalhador não a seguir, ou até mesmo o estimula a não segui-la. Agora, quando o ocorre o acidente, a empresa aproveita pra colocar a culpa no trabalhador!
Quando vemos os patrões, a mídia e o governo - via políticos e até mesmo nas políticas públicas -, falando de prevenção via capacitação dos trabalhadores e informando sobre a segurança no trabalho, o que está se fazendo é dizer, implicitamente, que é o trabalhador o culpado por esses inúmeros acidentes e mortes. Quantos falam que é preciso aumentar o número de trabalhadores, reduzir a jornada de trabalho, pelo fim da dupla função, dar condições apropriadas como equipamento de segurança? Quantos denunciam as irresponsabilidades, o trabalho subumano, às vezes em regime de escravidão, na qual muitos trabalhadores estão submetidos?
Podemos chamar de “acidente” quando morre um trabalhador por conta do quadro reduzido de funcionários, ou quando este trabalha em regime de “dobradinha” (duplo turno), às vezes controlando máquinas pesadas? Acidente não é acidente quando poderia ter sido evitado! A morte no local de trabalho, diante das condições que temos hoje, não é fatalidade, é assassinato! É preciso ter coragem e intolerância frente a esses casos. Os patrões, a mídia e o governo querem culpabilizar e responsabilizar quem, na verdade, é vítima! Temos que dar um basta nisso! São eles os verdadeiros culpados!

Progresso e desenvolvimento para onde e para quem?
Belo Monte, a menina dos olhos do governo Dilma, propagandeado como um grande progresso para o Brasil está sendo construída em condições precárias de trabalho. A construção civil é um dos setores em que a segurança no trabalho é mais alarmante! São trabalhadores, muitas vezes de outros Estados, vivendo em alojamentos precários, trabalhando horas além da conta em condições precárias. Os megaeventos têm sido apontados como promissor para o desenvolvimento do País, quando também apresenta denúncias das condições nos canteiros de obras, sem falar no que acontecerá durante a Copa e as Olimpíadas, com uma série de trabalhos temporários precarizados! De que desenvolvimento e progresso estão falando?
Não é preciso muito esforço para perceber essa contradição entre o “desenvolvimento” clamado pelos poderosos e a situação de grande parte da sociedade: o trabalhador no chão de fábrica pode ver, nos últimos anos, o que mudou no seu local de trabalho: dos novos equipamentos e tecnologias desenvolvidos, quantos foram voltados para baratear e acelerar o processo de produção e o quanto foi voltado para melhorar suas condições de trabalho? Ainda que haja uma mudança ou outra com relação à segurança no trabalho, esta é feita pensando no lucro, visto que sai caro muitos acidentes de trabalho.
Estima-se que o Brasil perde, por ano, o equivalente a 4% do PIB por conta disso. Henry Ford, fundador da Ford Motor Company e quem implementou um novo modelo de produção conhecido posteriormente como fordismo, já disse há muito tempo atrás: "o corpo médico é a seção de minha fábrica que me dá mais lucro”. Dizia isto na medida em que contratava médicos para localizar os trabalhadores que poderiam vir a dar prejuízo para serem prontamente descartados, entre outras medidas que são relativas a segurança do trabalho, mas para assegurar o patrão, e não só trabalhadores!

Quem cuida da saúde do trabalhador?
Os trabalhadores precisam saber que, embora o culpado e responsável sejam os donos dos meios de produção e todo esse sistema que está estruturado na exploração do homem, o único capaz de cuidar de fato da saúde do trabalhador é o próprio trabalhador! São os trabalhadores que devem se organizar coletivamente para lutar por melhores condições de trabalho!
Somente através da organização dos trabalhadores e da luta por melhores condições de trabalho, sem a delegação desta responsabilidade para a empresa ou “técnicos” da área de saúde e segurança do trabalho, é possível evitar que o trabalho continue matando tantos trabalhadores, que necessitam vender sua força submetendo-se a uma série de riscos para a sua saúde e sua própria vida por esse ser o único meio de tirar o sustento próprio e de sua família.
A CIPA, nesse sentido, é um espaço fundamental a ser ocupado pelos trabalhadores, fazendo com que ela cumpra um papel de fiscalizar, torne-se um espaço de formação de trabalhadores para trabalhadores, e seja também um espaço de denúncia da política de reestruturação produtiva das empresas. No entanto, o caso recente ocorrido na AMBEV nos faz ver que não basta organizar-se no local de trabalho, mostrando que essa luta cotidiana por melhores condições de trabalho deve vir organizada a algo mais amplo.
Joaquim Boca, cipeiro demitido por justa causa por cumprir de forma íntegra o seu papel e denunciar a morte de um trabalhador por irregularidade no seu local de trabalho depois de muita luta conseguiu que tivesse os mínimos direitos seus garantidos por estar vinculado a uma luta dos trabalhadores para além de sua categoria. O Comitê por uma Internacional dos Trabalhadores (CIT), denunciou internacionalmente o fato ocorrido, e a CSP-CONLUTAS também cumpriu um papel importante nas reuniões com a empresa para fechar o acordo

28 de abril: uma data de luta para lembrar as vítimas de morte e acidente de trabalho
Nesses marcos, o dia 28 de abril é celebrado pela mídia e pelas empresas como “dia da saúde e segurança no trabalho”, organizando programas para “educar” o trabalhador de como executar sua função de forma mais “segura”, quando tradicionalmente os trabalhadores organizados em sindicatos ou nos movimentos populares de saúde reconhecem a data como “dia em memória das vítimas de acidentes e doenças do trabalho”, e marcam a data com atos e debates denunciando a situação alarmante em que vivemos.
A CSP-Conlutas, fundada em 2010, organizou em 2011 atos, debates e panfletos para o dia 28 de abril. O mesmo nesse ano, em que utiliza a data para denunciar a GM, Belo Monte, obras do PAC e a omissão do governo Dilma frente a todo esse cenário.

CSP- Conlutas: Construir a unidade da classe trabalhadora da cidade e do campo para derrotar os ataques de patrões e governos
Do dia 28 de abril ao 01 de maio acontece o I Congresso da Central Sindical e Popular - Conlutas. Neste curto período de existência, mostrou-se importante impulsionando uma forte resistência ao governo Dilma e a retomada do processo de recomposição e reorganização da luta da classe trabalhadora. Apresenta-se como um espaço em potencial de ser ocupado pelos os sindicatos já filiados, mas também as oposições sindicais e minorias sindicais de entidades ligadas a outras Centrais que cada vez mais são desmascaradas revelando o seu rabo preso com patrões e governos.
Esta Central tem se destacado também jogando um papel importante com a criação do setorial nacional de Saúde do Trabalhador, ramificando para setoriais regionais e Estaduais. Essa instância, tem reunido cipeiros e realizando um trabalho que a CUT e demais centrais abandonaram no último período. Nós, da LSR, em conjunto com demais setores do Bloco de Resistência Socialista, defendemos em nossa tese que a Central invista na organização das CIPAS, continue a formação de fóruns regionais de saúde do trabalhador, construa um coletivo de advogados e profissionais voluntários especializados em saúde e segurança dos trabalhadores, entre outras iniciativas para enfrentar os ataques à saúde do trabalhador.

Isabel Keppler e Marcelo Vilhanueva, psicólogos, Baixada Santista

Publicado originalmente no site:

sábado, 21 de abril de 2012

MANIFESTO SOBRE ACIDENTES E DOENÇAS DO TRABALHO


CSP-CONLUTAS Central Sindical e Popular
SETORIAL DE SAÚDE DO TRABALHADOR

Abril de 2012


28 de abril é Dia Mundial em Memória das Vítimas de Acidentes e Doenças do Trabalho 28 de abril é Dia Mundial em Memória das Vítimas de Acidentes e Doenças do Trabalho. Lembrar-se das vítimas é não esquecer que milhares de mortes e acidentes são causadas pela ganância, exploração e sede dos lucros, engrenagens
vitais dentro do sistema capitalista.
Esta data foi escolhida em razão de um acidente que matou 78 operários em uma mina nos Estados Unidos, em 1969.
Desde 2003, a Organização Internacional do Trabalho (OIT) dedica este dia à reflexão sobre a segurança e saúde no trabalho. No Brasil, a data foi instituída em maio de 2005, pela lei nº 11.121.
Cerca de 270 milhões de acidentes de trabalho acontecem todos os anos e as doenças relacionadas ao trabalho afetam 160 milhões de pessoas em todo o mundo. Em todos os anos, aproximadamente dois milhões de pessoas perdem suas vidas no trabalho. Quando fazemos as contas, nos damos conta da dimensão do problema: são 5 mil mortes por dia, três vidas perdidas a cada minuto, aproximadamente o dobro das baixas ocasionadas pelas guerras e mais do que as perdas provocadas pela aids. Doze mil das vítimas são crianças.
No Brasil, somente em 2009, 750 mil brasileiros inseridos no mercado formal de trabalho foram vítimas de acidentes durante o exercício de suas atividades.
Vítimas do próprio trabalho, companheiros perdem a vida em situações que são emblemáticas.
Nas obras do PAC, do governo federal, trabalhadores são submetidos a situações degradantes, como exposição a uma série de fatores de riscos, acomodações insalubres, comida estragada e até trabalho escravo. Desde 2008, apenas em 21 grandes obras foram registradas 40 mortes de operários em acidentes.
Só nas usinas de Jirau e Santo Antônio houve seis mortes.
A última morte aconteceu no final de março, nas obras de Belo Monte, quando o operário Francisco Orlando Rodrigues Lopes morreu atropelado, o que provocou uma greve dos operários exigindo melhores condições de trabalho. Por sinal, o setor de construção civil, que está em alta no país, é um dos que mais mutilam e matam trabalhadores.
Na GM, maior montadora do mundo, um metalúrgico morreu recentemente prensado por equipamentos de várias toneladas. Antonio Teodoro Pereira Filho, 59 anos, perdeu a vida num sábado, dia 24 de março, enquanto era obrigado a fazer horas extras.
E são vários outros exemplos em todo o país. Os números impressionam, mas a situação é ainda mais grave. Isso porque, os dados oficiais são subnotificados pelas empresas, que escondem acidentes e casos de doenças ocupacionais, para não pagar impostos. Isso sem contar os companheiros que atuam em trabalhos precários, que não têm carteira assinada e não participam das estatísticas.

Basta de mortes e acidentes!

Novamente, é hora de relembrar nossos mortos e lutar pela vida. Afinal, saúde e segurança no trabalho são direitos elementares dos trabalhadores, que deveriam ser garantidos por governo e empresas.
Além de não nos esquecermos das mortes de tantos companheiros e companheiras, é preciso reforçar que a epidemia de doenças ocupacionais, em todos os setores patronais, ataca duramente a nossa classe. A incidência de casos de LER/DORT (Lesões por Esforços Repetitivos e Doenças Osteomusculares Relacionadas ao Trabalho), por exemplo, cresce no mesmo ritmo do aumento da exploração patronal.
O assédio moral é uma realidade dentro do cotidiano de muitos trabalhadores. São práticas constantes e repetitivas, utilizadas pelos superiores, para pressionar, isolar e humilhar o trabalhador. É a pressão nas empresas e nos bancos, o estresse nas escolas e a falta de segurança aos profissionais de saúde nos hospitais. O efeito cascata tem gerado o aumento das doenças mentais relacionadas ao trabalho.

Governo não tem metas para reduzir acidentes

O governo Dilma tem atacado os trabalhadores, seja com medidas como a alta programada, o sucateamento dos órgãos que deveriam fiscalizar as empresas ou a não edição de uma lei que proteja o trabalhador que sofre acidente ou tenha adquirido doença ocupacional, já que a legislação estabelece apenas um ano de estabilidade e, mesmo assim, muitas vezes isso é burlado pelas empresas.
Em resumo, nosso país não tem política definida para buscar reduzir os números de acidentes e doenças ocupacionais. Pelo contrário. A atual política está voltada para garantir os lucros dos patrões.
Um claro exemplo é o plano Brasil Maior, que está concedendo um pacote que totaliza R$ 60 bilhões às empresas somente este ano. O plano está extinguindo a contribuição previdenciária de vários setores patronais. A perversa lógica de tirar do caixa do INSS e dar aos patrões abre o caminho para a uma nova reforma previdenciária e novos ataques
aos trabalhadores.
por mais segurança nos locais de trabalho, fim do assédio moral, contra as isenções aos patrões e contra os ataques à Previdência. Além disso, para combater os acidentes e doenças do trabalho, é preciso liberdade de organização no local de trabalho, na contramão do que tem acontecido, como no caso da Ambev, em Jacareí (SP), que demitiu o vicepresidente da Cipa, o companheiro Joaquim Aristeu, numa clara tentativa de criminalizar um instrumento que deve servir como garantia de saúde e segurança aos trabalhadores.
Por tudo isso, é hora de agir.
Dia 28 de abril é dia de sair às ruas para mostrar nossa disposição de luta e mobilização.
Vamos à luta!



segunda-feira, 9 de abril de 2012

Desabafo de um Trabalhador

Desabafo de alguém que é punido por ter denunciado a causa de um acidente do trabalho que tirou a vida de um jovem de 25 anos



 Camaradas estou a poucas horas de uma grande frustração em minha vida como militante sindical que sou há mais de 30 anos.
Digo isso porque hoje de manhã devo fechar um acordo com a multinacional AmBev/INBEV, a maior cervejaria do mundo pelo qual abro mão de um direito garantido a mim por 230 trabalhadores que me elegeram em 2011 para cipeiro na AmBev, tendo sido a maior votação que um cipeiro já recebeu na AmBev em todos os tempos, 33% do total de votantes em uma eleição com mais de 20 candidatos.
Nos anos anteriores eu já havia recebido votações que me fizeram o mais votado e vice presidente da CIPA pela terceira vez consecutiva.
Este respeito perante aos trabalhadores conquistei nos quase 24 anos que dediquei boa parte de minha vida em defesa dos trabalhadores da AmBev e mais de 30 anos de luta em defesa dos trabalhadores de maneira geral.
Devo abrir mão do meu direito de brigar na justiça pela minha reintegração para dentro da fábrica.
Faço isso porque tenho que manter a obrevivência da minha família, e esperar por uma decisão judicial, que diga se de passagem, até agora não foi dado entrada no processo pelo jurídico do nosso sindicato, deve ser bastante demorado, e não ter tido a compreensão das entidades do movimento em me bancar financeiramente, os sindicatos, em especial o sindicato da alimentação de São José dos Campos do qual fui dirigente por quase 18 anos e a CSP-Conlutas central a qual sou da direção executiva da estadual SP. Isso para mim é muito frustrante.
Ter dedicado todos estes anos na luta em defesa dos trabalhadores e agora ser aposentado na luta no local de trabalho por ter denunciado as verdadeiras causas de um acidente que matou um jovem de 25 anos, que iria ser pai do primeiro filho dali a 3 meses e não ter a compreensão do movimento sindical classista da importância de bancar a minha reintegração para esta multinacional para mim é uma grande derrota daqueles que pregam um sindicalismo classista e de chão de fábrica.



Vou para este acordo com a AmBev triste por ter procurado apoio nos sindicato e em especial na csp conlutas e no sindicato da alimentação, soliciatando que bancassem parte do meu salário para minha sobrevivência e de minha família com compromisso de devolver tudo quando ganhasse o processo. Não tendo sido atendido, exceto a CSP-Conlutas, que se propôs a fazer uma pequena contribuição por apenas alguns meses, o que não contemplaria, haja visto a demora que pode ocorrer uma ação na justiça.
Porém, independente desta situação, recebemos muitas moções e solidariedade por parte de muitas entidades e dezenas de camaradas individuais, foram milhares de postagens de apoio nas redes sociais, o que forçou a AmBev a negociar o pagamento dos nossos direitos e propor a antecipação da nossa aposentadoria e manutenção do convenio médico.
Estas propostas, mesmo limitadas, sem a mais importante de todas que seria a nossa reintegração para dentro da fabrica, deve ser aceita por nós, e agradecemos a todas e a todos que de alguma forma colaboraram com a nossa luta.



 Joaquim Aristeu Benedito da Silva (BOCA)

quinta-feira, 5 de abril de 2012

A situação atual da luta contra a demissão de Joaquim Boca

Aos trabalhadores da AmBev – Jacareí
Companheiros e companheiras, amigos e amigas,


Durante quase 24 anos estive à frente das lutas por nossos direitos como trabalhadores da AmBev. Nesse período sempre pude contar com sua confiança e apoio. Foram vocês que me elegeram vice-presidente da CIPA e dirigente sindical por diversas vezes para que eu pudesse, junto com outros, enfrentar os patrões e defender nossos interesses.

 No dia 12 de março a direção da empresa decidiu me demitir por justa causa. Foi uma decisão ilegal e ilegítima. Os patrões pisaram na vontade dos trabalhadores que me elegeram. Fui demitido por exercer meu papel como Cipeiro e denunciar o papel da empresa na morte de um trabalhador terceirizado.

Depois de um importante ato de apoio e solidariedade na porta da empresa e de centenas de moções de apoio e protesto contra a AmBev vindas de vários sindicatos, parlamentares e personalidade de dentro e de fora do país, a empresa se sentiu pressionada e aceitou negociar.

Passaram a oferecer várias propostas que, mesmo sendo limitadas diante da ilegalidade que cometeram, poderiam atenuar meu problema pessoal, como pai de família, avô e alguém que já passou de certa idade e tem suas necessidades especiais de cuidado com a saúde.

Porém, minha disposição do fundo do coração é manter a luta pela reintegração plena na fábrica para continuar lutando pelos nossos direitos.

Mas, isso só poderá acontecer se a direção do Sindicato da Alimentação assumir o compromisso de bancar a luta até o fim e também garantir, pelo menos em parte, minha sustentação financeira até nossa vitória definitiva contra a AmBev.

Quando vencermos na Justiça todo o gasto com minha sustentação seria devolvido ao sindicato como já aconteceu no passado em nossa categoria e em várias outras categorias.

Infelizmente não temos até o momento uma definição clara da parte da diretoria do Sindicato sobre isso.

Essa definição precisa acontecer o mais rapidamente possível. Caso contrário, a única alternativa que a direção do Sindicato deixará para mim é negociar um acordo com a direção da empresa. Isso seria um retrocesso para todo o movimento sindical, mas pode acabar sendo inevitável dependendo do que faça a direção do Sindicato.

Por isso, peço a todos e todas que me ajudem a lutar para que o Sindicato assuma sua responsabilidade e para que juntos possamos derrotar a AmBev e continuar nossa luta.

Convido a todos e todas para uma reunião que vai discutir minha situação, a luta na AmBev e também o Congresso da CSP-Conlutas. Será no dia 05 de abril, quinta-feira, em três horários – 10h, 14h e 16h. A reunião será na sede do Sindicato dos Metalúrgicos em Jacareí – Rua José Medeiros, 80.

Por favor, compareça!

Joaquim Boca

quarta-feira, 4 de abril de 2012

Lei da Mordaça na AmBev

Os absurdos e desmandos dentro da empresa AmBev não param...
Agora, o diretor do sindicato dos trabalhadores, Valter Gildo, trabalhador daquela empresa, está proibido de falar em reuniões que a empresa faz com os trabalhadores sob pena de ser retirado da fábrica pelos seguranças patrimoniais.
Querem calar quem defende os trabalhadores para prosseguirem atacando, lesionando por doenças e acidentes do trabalho impunemente.

É mais uma arbitrariedade, um ataque frontal aos direitos dos trabalhadores, um crime contra a organização do trabalho.
Onde estão os órgãos públicos que deveriam estar coibindo esses atos?
Ou será que a repressão é só quando os trabalhadores resolvem paralisar as atividades em justa greve, que, geralmente, acaba sendo julgada abusiva.
Com a palavra os Ministério Público do Trabalho e o Ministério do Trabalho e Emprego...
Estas camisetas estarão à venda para bancar a Campanha pela Reintegração do Joaquim.



Nas costas, está estampado os dizeres e as logomarcas dessa arte, que também estampará posters, banners e pode ser baixado para seus blogues e sites.

E esta estampará as camisetas que serão vendidas no exterior


E não esqueçam que assinar e divulgar essa petição para seus contatos  é uma forma de pressionar a Ambev e contribuir para a reintegração de um cipeiro demitido injustamente. Também é um ato de solidariedade de classe e de manifestação em defesa do direito à livre organização dos trabalhadores!



terça-feira, 3 de abril de 2012

CERVEJA COM SANGUE E EXPLORAÇÃO DE TRABALHADORES NÃO DESCE REDONDO


A cervejaria AmBev/INBEV que produz as marcas SKOL, BRAHMA, BUDWEISER, ANTARTICA, BOEMIA e várias outras marcas pelo mundo, esconde por trás de sua máscara de empresa modelo para se trabalhar, um verdadeiro mistério: a exploração, o assédio moral, a falta de segurança e o descaso com a saúde dos trabalhadores.
No Brasil nos últimos anos a AmBev já sofreu varias condenações por praticas de assédio moral e abuso contra a saúde dos trabalhadores.
A prática do assédio moral é tão forte que hoje temos dezenas de trabalhadores com doenças psíquicas e estresse, que já levaram trabalhadores às vias de tentativas de suicídio. Hoje, muitos destes trabalhadores se encontram em tratamento médico por problemas nervosos e psíquicos.
Tendo como carro chefe deste assédio a pressão da chefia por cada vez mais produção, as exigências dos programas de qualidade e as avaliações individuais, o excesso de jornada, etc...
A política de segurança da AmBev/INBEV não tem sido falha só em Jacareí. Nas demais unidades espalhadas por 32 países no mundo as doenças e acidentes do trabalho têm ocorrido, exemplo: suas unidades na CHINA, que nos últimos anos de sua existência, têm patrocinado vários acidentes, mortes e doenças do trabalho.
Nos últimos dois anos têm ocorrido, dentro das plantas da companhia em todo mundo, mortes de trabalhadores a exemplo aqui no Brasil que só nos últimos seis meses temos conhecimento de duas mortes em acidentes do trabalho.
Centenas ficam mutilados por acidentes do trabalho sofridos dentro da companhia, para não falar que existe um verdadeiro exército de lesionados com doenças do trabalho devido às péssimas condições no ambiente de trabalho.
Os altos níveis de ruídos, o trabalho em condições anti-ergonômicas, os produtos químicos, ou até mesmo o trabalho em locais em contato com ratos e pombos e o tratamento de esgoto sanitário coloca estes trabalhadores em contatos com coliformes fecais de gente e animais peçonhentos, colocando em risco de contraírem doenças como leptospirose, doenças de pombo e hepatite c.
As péssimas condições do ambiente de trabalho e as condições inseguras na fábrica são muitas.
Em Janeiro existia mais de 280 condições inseguras registradas e catalogadas nos books de incidentes da empresa.
Isto tem levado que a unidade de Jacareí seja, hoje, uma das campeãs em acidente do trabalho e doenças profissionais.
Existem hoje dezenas de trabalhadores em tratamento médico por problemas de doenças do trabalho e ocorrem, em média, 2 acidentes a cada 3 dias na fábrica nos momentos de alta produção.
Porém, para camuflar e esconder os índices alarmantes de acidentes e doenças do trabalho, muitas vezes não é aberta a CAT (Comunicação de Acidentes do Trabalho) e quando abertas essas CATs, na maioria das vezes, estes trabalhadores não são afastados e são colocados em trabalho compatível.

É normal a gente ver na fábrica, trabalhadores circulando com muletas, gesso, colete cervical ou ferimentos. Tudo isso para não quebrar os índices de acidentes exigidos por lei.
Existe ainda outro agravante: a escala de trabalho é abusiva. Hoje existe uma escala que já é ruim, onde o trabalhador, pela escala, só folga nos finais de semana de 70 em 70 dias. E ainda, quando estas folgas caem no meio da semana, dificilmente o trabalhador folga: a empresa, à revelia da entidade sindical, criou um banco de horas e quando a produção cresce, em média, 8 meses por ano, tem trabalhador que só folga de 60 em 60 dias e isso aumenta o estresse, os acidentes e doenças do trabalho.
Junto a isso, ainda existe um programa de remuneração variável chamado PEF, Programa de Excelência Fabril, que chega ser infinitamente pior que a lei 10.101/2000, este programa, sem discutir com o sindicato, impõem metas abusivas acelerando o ritmo de produção e criando as famosas avaliações individuais que faz com que o assédio moral e os acidentes e doenças do trabalho aumentem cada vez mais.
Todas estas denúncias, nós nestes anos de atuação como cipeiro e vice-presidente da CIPA na AmBev e como membro da direção da CSP CONLUTAS, em nossos boletins distribuídos na fábrica e protocolamos no MINISTÉRIO PÚBLICO, no MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO e ATÉ NA POLICIA FEDERAL, se consultados nestes órgãos públicos, verão que existe um volume extenso de nossas denúncias que, em muitas vezes, acabaram sendo arquivados por falta de interesses destes órgãos para com a saúde dos trabalhadores.
SÃO ESSES ALGUNS DOS MOTIVOS PELOS QUAIS NÓS ESTAMOS SENDO PUNIDO COM A DEMISSÃO POR JUSTA CAUSA.
E aí: você ainda continua achando que as cervejas da AmBev/INBEV DESCEM REDONDO?
PATROCINAM MORTES, DOENÇAS E ACIDENTES DO TRABALHO E AINDA DEMITEM QUEM DENUNCIA
VOCE ACHA JUSTO?

JOAQUIM BOCA ARISTEU
Vice-Presidente da CIPA da AmBev 2011/2012,
Membro da Direção Executiva da CSP-CONLUTAS
e militante do Bloco de Resistência Socialista Sindical e Popular

Por: Joaquim Aristeu Benedito da Silva




Assinar essa petição é uma forma de pressionar a Ambev e contribuir para a reintegração de um cipeiro demitido injustamente. Também é um ato de solidariedade de classe e de manifestação em defesa do direito à livre organização dos trabalhadores!

sexta-feira, 30 de março de 2012

"Amanhã, vai ser outro dia..."



Estou confuso... Não adianta... Hoje eu vivo confuso...
Por mais que eu tente, existem lacunas que não consigo preencher...
É como um jogo de quebra-cabeças em que faltam peças e as que remanescentes não se encaixam...
Lembro de celas pequenas, frias, úmidas, as “geladeiras”, onde não se podia ficar em pé, onde se era jogado nú, machucado, onde a gente tinha o corpo molhado com água fria e nos deixavam tanto tempo que uma eternidade parecia pouco... Sentia frio, fome, sede, dor... Ou calor, fome, sede, dor... Já não sabia... Não sabia...
Lembro de ter resistido (Horas?... Dias?...) 
O tempo... Perde-se a noção do tempo quando estamos fechados, sem ver a luz do sol, sem poder dormir...
Medo... Muito medo... Medo dos ratos... Medo dos "ratos" armados, medo dos ratos roedores dos quais ouvia os guinchos, que ouvia e sentia correr em volta... Medo que que estava acontecendo e do que estava por vir... Medo do frio, principalmente do frio que sentia na alma...
Lembro de celas com janelas altas e emparedadas além das grades... Janelas pelas quais jamais entrava a luz...
No teto, ao alto, uma lâmpada que permanecia apagada quase que o tempo todo, chão frio de cimento e nada mais...
Na porta, de tempos em tempos (quanto tempo?), por uma abertura, um rosto do qual mal se vislumbrava os olhos e os dentes quando abria a boca para anunciar, com uma voz soturna e aos berros:
- Late, cão imundo! Late ou não come...
E depois de dias (quantos?) (ou seriam horas?...), quando a dor da fome era maior que a dor das feridas abertas pela tortura física e moral; quando a luz acesa era pior que a apagada, pois feria os olhos desacostumados com a claridade; quando a sede fazia com que, desesperado, bebesse minha própria urina; quando, humilhado, vencido, desesperado, lati pela primeira vez, uma mão jogou a “ração” no chão, misturando aquela lavagem com os dejetos, meus e dos ratos que me faziam companhia, eu, ainda mais humilhado, me vi comendo aquela coisa azeda, fétida, de quatro, como um cachorro...
Quantos éramos?... Não sabia... Ouvia gritos, gemidos, grunhidos... Sons inumanos, saídos de gargantas humanas... (Seríamos mesmo humanos?... Já não sabia... Já não sabia mais nada...)
Quando ouvia os passos se aproximando, já começava a tremer... Sabia o que viria... Cadeira do dragão, espancamento, “telefone”, pau-de-arara, afogamento, choques, sevícias e sabe-se lá quantas mais formas de degradar se passava pela cabeça daqueles carrascos sádicos...
Os torturadores se revezavam, usavam-nos como “cobaias”, e o pior era a música, colocada alto, sempre repetindo o mesmo estribilho: “Não adianta nem tentar me esquecer, durante muito tempo em sua vida, eu vou viver”...
Sempre, sempre, sempre... Sempre a mesma coisa, monotonamente, sádicamente, de forma cruel...
Não sei quanto tempo fiquei nesse lugar... O que sei é que às vezes, por conversas entreouvidas, ficava sabendo que um companheiro ou uma companheira não havia resistido... Temia ser o próximo...
Mas, pior do que o medo de tombar, era o medo de não resistir e entregar os que estavam lá fora...
Lá fora... Onde era mesmo?... Será que um dia existira um “lá fora”?... Será que voltaria a existir?...
Um dia, quando me encontrava mais frágil, achando que não resistiria mais, quando a porta se abriu, ouvi uma voz me ordenando:
- Tome esse sabão, essa “toalha” (um pedaço de pano sujo, molhado, roto), vá se higienizar...  Você foi trocado por um embaixador...
A princípio não acreditei... Mas, depois, limpo, com roupas limpas, vi que outras pessoas se juntavam a mim, companheiros e companheiras de infortúnio, esqueléticos como eu, parecendo espantalhos dentro das roupas maiores, como eu, com as marcas da tortura espalhadas, como eu, mas muito mais visíveis pelo olhar, como o meu...
Não ousávamos nos falar, as perguntas martelando na cabeça, mas os olhos no chão, cabisbaixos, em silêncio, trocando rápidos efugidios olhares, com as mesmas interrogações carcomendo nossos cérebros, fomos colocados em um furgão, enchendo-nos de mais dúvidas ainda...
Pra onde nos levavam? Que diabos nos aguardava?...
Fomos levados direto para o aeroporto, onde encontramos outras pessoas com o mesmo olhar desconfiado... O mesmo ar desolado, sofrido...  O mesmo semblante torturado...
Só quando nos vimos no avião é que ousamos nos comunicar. Fiquei sabendo que um grupo havia sequestrado um embaixador e que havíamos sido trocados pela vida dele...
E mesmo assim, ainda existia o temor: para onde estamos sendo levados? Seríamos jogados em alto-mar, como ouvíramos contar que acontecera a outras pessoas que ousaram ter o mesmo sonho que o nosso e que se transformara no pesadêlo, que viverámos por meses (ou seriam horas?...)
Hoje, ainda trago as sequelas daqueles dias (ou seriam anos?...) em que fiquei preso... Não gosto de lembrar, não gosto de falar sobre isso...
Não consigo ouvir “Detalhes” sem ouvir junto os risos sardônicos, as risadas histriônicas, as vozes dos carrascos exigindo que eu confessasse e entregasse nomes, endereços...
Tenho cicatrizes pelo corpo que se fecharam, mas ainda trago cicatrizes abertas na alma, no peito e na mente...
Hoje, só hoje, quando acredito que a sociedade parece estar mais atenta, quando as pessoas estão lutando para abrir os arquivos secretos da ditadura e se acena com uma Comissão da Verdade, quando existe a possibiidade de se rever a Lei da Anistia para que os responsáveis por tantos crimes hediondos sejam punidos, somente hoje, eu confesso o meu crime:
Acreditar em um mundo melhor, sem opressores e oprimidos, dominadores e submissos, carrascos e vítimas... Acreditar que podemos lutar por uma sociedade socialista!
E, ainda hoje, EU ACREDITO!
Esse post faz parte da 5ª Blogagem Coletiva #desarquivandoBR